Guelra # Carlota Lagido | Arte Total 2016

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GUELRA: 50 toneladas, uma experiência sobre a cor preta O preto tem 50 tons reconhecíveis. Comporta uma série de apropriações simbólicas que se foram transformando e tomando diferentes significados ao longo dos tempos. É uma cor de adjetivações antagónicas. Se por um lado o preto é a cor do protesto e do Anarquismo, é simultaneamente a cor do Fascismo. Até ao século XIX foi a cor das noivas, dado que o preto era o mais adequado para o aspeto negocial que envolvia qualquer casamento na altura. Preto é a cor associada ao mal, mas, no entanto, é a cor clerical. Na Espanha da Inquisição, as pessoas vestiam-se de preto de forma a deixarem sobressair a expressão, sendo assim possível controlar qualquer movimento facial denunciante. O preto é também a cor da morte e do fim. Na natureza, todos os elementos, nos seus processos de decomposição, se transformam numa matéria negra. É a cor dos medos noturnos. Preto é a cor utilizada para nomear a dita “matéria negra”, teórica, da Astrofísica. É a cor do vácuo. É também a cor do princípio de tudo.  Nesta residência artística pretende-se explorar a temática geradora do espetáculo 50 Toneladas, procurando desta vez outras abordagens, resultantes da participação direta dos alunos e alunas da escola Arte Total.  Este espetáculo estreou em janeiro de 2016, no âmbito do Temps d'Images Lisboa e contou com a participação de Tiago Vieira, Carlota Lagido e Antoine Pimentel. 

Produção
Arte Total

Parceiro
GNRation

Concepção  
Carlota Lagido  


Directora Arte Total
Cristina Mendanha


Programação GNRation
Luís Passos


Intérpretes

Gabriela Barros, Leonardo Ramalho,
Inês Pereira, Constança Rosas,
Inês Pereira, Bárbara Oliveira e
Catarina Neves


Fotografia 
Play Bleu


Concepção de Vídeo 
Carlota Lagido & Play Bleu


Assistência de produção
Sara Borges, Hugo Carvalho
e João Coutada


Música
Pedro Melo Alves

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digging | "GUELRA" ARMANDO PINHO | ARTE TOTAL 2016

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digging
"GUELRA" ARMANDO PINHO
ARTE TOTAL 2016

FICHA TÉCNICA   

Concepção e interpretação: Armando Pinho  
Supervisão Artística: Cristina Mendanha  
Concepção de Vídeo e Imagem: Play Bleu  
Consultoria de movimento: David Ramalho  
Apoio dramatúrgico e consultoria: Sandra Andrade  
Assistência de produção: Monique Augusto e Emília Correia  
Agradecimento: Sr. Aníbal Afonso (cedência de espaço para o vídeo)

DIGGING

“Eu abandono Roma…”
Abandonar é deixar ao desamparo, deixar só, sem protecção, é largar, renunciar, esquecer, não fazer caso, pôr à margem.
Abandono quando deixo uma pessoa, uma coisa, um lugar, uma função.
Abandono e sou abandonado. Abandono-me e deixo-me abandonar.
O abandono é um estado, uma condição, um lugar.
Há lugares abandonados, lugares de abandono, lugares do abandono. Todos os lugares do abandono são feridas que calam e falam, ocultam e denunciam, abrem passagens para outros espaços e tempos. Nestes lugares abrem-se fendas que ligam exterior e interior, enigmas que intrigam e seduzem.
Os lugares do abandono fazem-me cavar fundo. Cavo por demanda e esquecimento e rasgo a ferida, que não a consigo suturar. I dig holes, I dig graves. E abandono-me ao seu fascínio, pelo seu brilho e sua negritude de abismo.
Jean-Luc Nancy explica, em “L’être abandonnée”, que o abandono é a condição de existência. Nascemos no abandono; somos definidos e destinados pelo abandono. Sempre o soubemos, de resto: Prometeu foi abandonado por ter roubado e partilhado sabedoria; Édipo e Moisés são filhos do abandono; Cristo é salvador por ter sido abandonado (Eli, Eli, lama sabactáni).
O fascínio da existência reside todo na ferida do abandono.
Abandono e amor estão interligados. Se só o amor abandona, será então na possibilidade do abandono que se conhece a do amor: “La seule loi de l’abandon, comme celle de l’amour, c’est d’etre sans retour et sans recours.”
Mas o abandono é também estado de liberdade. O abandonado, aquele que é posto à margem, o excluído, o fora da lei, fora da normalidade é, ao mesmo tempo, o libertado, o que se abre a todas as possibilidades. Os lugares do abandono são, por isso, lugares de desvio, contradição, destabilização, que confundem realidade e ilusão, matéria e potência.
O abandonado entrega-se à sua própria voz, à terra, ao presente, ao acontecimento… and just keep digging.
“Alguém abandona tudo.”

Armando Pinho





Guelra - uNamed by Paulo Henrique & Joao Martinho Moura [Photography]

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Guelra - uNamed by Paulo Henrique & Joao Martinho Moura
Production Arte TotaL | Coproduction GNRation
Sound João Figueiredo
Camera, Graphism & Edition by Play Bleu


Link video: http://videosplaybleu.blogspot.pt/2016/01/guelra-unnamed-by-paulo-henrique-joao.html 

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